Aproveito o 13 de maio para publicar uma nova lista, sugerida pela leitora Flaumaria Rose sobre racismo e escravidão no Brasil...
Desde que o homem começou a se organizar em grupos, sempre procurou alguém para fazer o trabalho por ele. Em geral, os vencedores sempre subjugaram os vencidos, para depois escravizá-los.
Algumas sociedades capturavam e vendiam seus próprios homens e mulheres como escravos, o que criou um notável fluxo comercial por séculos, enriquecendo diversos governantes na África.
No final do século XVIII, com o surgimento do Iluminismo, que pregava a igualdade entre os homens, o absurdo conceitual da escravidão começou a ser percebido.
Já no Brasil, a prática resistiu até o final do século XIX, quando foi abolida, principalmente por pressões internacionais.
Talvez pela distância da Corte, nosso país sempre foi mais tolerante com as relações interraciais, o que formou uma identidade mais miscigenada, com uma maioria de descendentes de etnias misturadas.
É inegável que o maior preconceito que enfrentamos no Brasil hoje é o social. Mas, paradoxalmente, ainda resiste uma forte discriminação racial, fruto de preconceitos culturais arraigados. Talvez um medo atávico do que lhe é diferente (ainda que sejamos todos iguais).
Desde a abolição decretada em 13 de maio de 1888, os negros ainda sofrem para ocupar os espaços que antes pertenciam apenas aos brancos, o que parece uma luta cada dia mais próxima do seu fim natural.
Esta lista traz 10 filmes variados que falam da escravidão de afro-descendentes e do racismo que ainda existe.
1. Quanto Vale ou É Por Quilo? (um filme-tese brilhante de Sérgio Bianchi, que traça um paralelo entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria por ONGs, que formam uma beneficência de fachada em proveito próprio. entrelaça a história de um capitão do mato perseguindo uma escrava fugida, no século XVII e a implantação de uma escola de informática com recursos superfaturados)
2. Quilombo (por volta de 1650 em Pernambuco, um grupo de escravos se rebela e foge para fundar o quilombo de Palmares, onde resiste ao cerco da Colônia. chefiado por um príncipe africano, Ganga Zumba - Tony Tornado -, o grupo sofre a dissedência do seu afilhado Zumbi, que discorda das posições conciliatórias do padrinho. o bom filme de Cacá Diegues traz alguns dos maiores atores negros do país, com Grande Othelo, Zezé Motta, Antônio Pitanga e Milton Gonçalves)
3. Ganga Zumba (a versão de 1963 do mesmo Cacá Diegues, se concentra na figura de Ganga Zumba - Antônio Pitanga -, filho do rei de Palmares, que fundou a primeira comunidade rebelde de escravos no mundo. um clássico do nosso cinema)
4. Sinhá Moça (clássico romance, ambientado no final do século XIX no interior de São Paulo, onde a filha de um rico fazendeiro escravocrata, volta da capital com ideias abolicionistas e entra em conflito com o pai. quando um escravo se revolta contra os maus tratos, é severamente punido, o que inicia uma luta violenta dos demais. dirigido por Tom Payne em 1953, o filme foi destaque nos festivais de Veneza e Berlin, e contou com uma grande atuação de Ruth de Souza, como a escrava Sabina)
5. A Negação do Brasil (interessante documentário, feito em 2000, descrevendo a participação de negros nas novelas de televisão - principalmente da Rede Globo -, dos papeis coadjuvantes e estereotipados, até evoluir para personagens de maior destaque)
6. Cafundó (baseado num personagem real, conta a história do ex-escravo João de Camargo - Lázaro Ramos -, que saiu das senzalas para tornar-se um tropeiro e, frente a um mundo em transformação, tem visões místicas e cria sua própria igreja. uma figura interessante)
7. Xica da Silva (na segunda metade do século XVII, uma bela escrava - Zezé Motta -, torna-se amante de um rico dono de minas e terras de Diamantina e passa a promover festas e banquetes luxuosos, que ficam famosos inclusive na Corte portuguesa)
8. Cruz e Souza, o Poeta do Desterro (biografia do poeta catarinense Cruz e Souza - 1861-1898 -, fundador do simbolismo no Brasil e negro altivo, orgulhoso de sua raça, o que não permitiu que ele fosse aceito pelos meios acadêmicos da época. um filme difícil, mas bom, de Sylvio Back)
9. Madame Satã (a vida do célebre marginal e transformista João Francisco dos Santos, conhecido como Madame Satã - Lázaro Ramos -, que era malandro, artista, presidiário, pai adotivo de sete filhos, negro, pobre, homossexual, figura icônica da Lapa, no Rio de Janeiro. ele sofria todo tipo de preconceito, mas o que mais lhe doía era o da sua cor)
10. Besouro (a história de um lendário capoeirista baiano, que se notabilizou no começo dos anos 1920. sua história mistura misticismo com a dura realidade dos ex-escravos, que continuavam sendo maltratados pelas autoridades e pelos poderosos. dirigido pelo premiado diretor de publicidade João Daniel Tikhomiroff, o filme é muito mais forma que conteúdo)
Menções honrosas: Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, Filhas do Vento, Vista a Minha Pele, Retrato em Preto e Branco,...
Veja ainda: "10 Filmes sobre Racismo"
Cobra Verde do Werner Herzog é uma opção interessante
ResponderExcluirOi anônimo!
ExcluirMuito bem lembrado! "Cobra Verde" é mesmo um filme que se encaixa na lista.
Obrigado!
Abs!!!
Gostaria de ter copias desses filmes para passar aqui no IPN
ResponderExcluirGostaria de saber a censura dos fimes,qual posso passar para alunos de 10 anos?
ResponderExcluirqual dessa lista posso passar para crianças de 10 anos? não vi a censura...
ResponderExcluirOlá Anônimo!
ExcluirTalvez apenas o 4 e o 5 sejam mais indicados. Os demais todos têm muita violência e sexo.
Abs!!!
Obrigado pelas sugestões, aqui eles se esqueça de adicionar Black or White tem um inicio muito preguiçoso, filmes dramáticos mas conforme transcorre a história vai te captando e envolvendo no conflito. É um filme muito simples na sua forma, mas emocionante, dadas as interpretações de todos os atores, sobre tudo de Octavia Spencer, quem faz a colega de Costner, complementando a sua personalidade. Além, de que põe diferentes persperctivas os conceitos que foram carregados durante anos nos Estados Unidos e que continuam dando muito o que falar, em quanto a diferenças.
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