Nascido em Tóquio em 1962, estudou literatura, mas logo decidiu-se pelo cinema.
Costuma ser comparado ao clássico diretor Yasujiro Ozu, mas admite-se mais influenciado pelo britânico Ken Loach.
Em seus filmes, os atores e temas costumam se repetir. Há sempre uma peça faltando nas famílias que retrata, mas há também muita delicadeza neste retrato que ele produz.
Apesar de algumas diferenças culturais óbvias entre o povo japonês e nós ocidentais, o ser humano é sempre parecido e não há como não nos identificarmos com a maior parte das situações abordadas.
Esta lista deveria ter 10 filmes, mas já que Koreeda dirigiu 12 longas de ficção até esta data, preferi falar de todos eles.
1. Andando
2008. Num dia de verão, um filho e uma filha, já adultos, vão, com as respectivas famílias, visitar os pais idosos. O objetivo do encontro é honrar a memória do filho mais velho, que morreu afogado quinze anos antes, ao salvar o irmão. O conforto da velha casa dos pais, vai dando lugar aos ressentimentos adormecidos, tornando o clima insuportável. Koreeda gosta de imagens simbólicas, como ao destacar a estatura do filho em relação ao pé direito da casa, sempre tendo que se abaixar, como quem já não cabe mais ali. É um filme belíssimo, meu favorito do diretor, que deixa um nó na garganta do espectador.
2. Assunto de Família
2018. O filme que deu finalmente a Palma de Ouro de Cannes a Koreeda. O roteiro engenhoso parece juntar ideias de alguns de seus filmes anteriores,as mais óbvias de 'Depois da Tempestade' e 'Ninguém Pode Saber'. Uma família nada convencional e absolutamente amoral se une na casa de uma velha senhora, com objetivo comum de sobreviver, ainda que a custa de pequenos e grandes golpes. Cada um tem sua própria história e seus motivos para estar no grupo e o filme desvenda isso aos poucos.
3. Pais e Filhos
2013. A vida de um homem de negócios sofre uma grande transformação quando ele descobre que está criando o filho de outro casal há seis anos, já que seu filho biológico foi trocado por engano na maternidade. O diretor desenvolve um melodrama sem maniqueísmo e sem solução fácil. Expõe as complicadas nuances da paternidade em diversos níveis. Constrói ainda algumas sequências geniais, como a do reencontro entre pai e filho num caminho que se separa e volta a convergir. Comovente e genial.
4. Nossa Irmã Mais Nova
2015. Um drama sensível sobre três irmãs que vão ao enterro do pai, onde conhecem sua meia-irmã adolescente e a convidam para morar com elas. Desta convivência descobrem os pontos que há em comum entre elas e com o falecido pai. Sensível e delicado, não exagera nos dramas, privilegia a integração harmônica da garota ao novo ambiente.
5. Ninguém Pode Saber
2004. Quatro irmãos mudam-se com sua mãe para um pequeno apartamento em Tóquio. Apenas o filho mais velho entra normalmente no novo lar, os demais chegam escondidos em malas. Ninguém pode ficar sabendo que mais de três pessoas vivem ali, sob o risco de serem expulsos. Tudo vai bem até que a mãe os abandona, deixando para o filho mais velho de 12 anos, um bilhete e um pouco de dinheiro. Começa então o duro processo de amadurecimento precoce do garoto. Como em qualquer grande cidade, as crianças passeiam como fantasmas pelas ruas, sem serem percebidos, verdadeiros párias sociais. A empatia que elas nos despertam quase nos deixa sem ar. Baseado numa história real, foi o primeiro grande sucesso de Koreeda.
6. Depois da Tempestade
2016. O Japão está prestes a receber o 23º tufão do ano. A matriarca Yoshiko, uma mulher idosa que mora sozinha, recebe a visita de dois filhos que não costumam ir à sua casa: ele é um escritor fracassado que ainda sofre com o divórcio e vive de bicos como detetive, e a filha mais velha, que tenta passar por exemplo da família, também tem seus problemas. Juntos, eles aguardam a chegada do tufão e relembram a morte recente do pai. No espaço exíguo do apartamento da mãe, as relações tendem a ficar mais tensas, as pessoas se esbarram e nunca chegam a uma distância confortável. Mesmo o esconderijo no playground é claustrofóbico. Um Koreeda mais intimista. Um pequeno grande filme.
7. O Que Eu Mais Desejo
2011. Depois do divórcio de seus pais, o irmão mais velho vai morar com sua mãe na casa dos avós, enquanto o irmão mais novo fica com o pai, guitarrista em outra cidade. O maior sonho do garoto é ver sua família reunida novamente e para isso elabora um complicado plano, que envolve a energia mágica gerada do cruzamento de dois trens bala. Delicado, ingênuo e comovente, conta através da visão das crianças que nossos sonhos infantis permanecem por toda nossa vida. É apenas lindo,
8. Depois da Vida
1998. Depois de morrer, cada indivíduo passa por um processo onde é aconselhado por mortos mais antigos na tarefa de escolher uma lembrança que será a única memória que eles poderão levar para o além-vida e descrevê-lo para uma equipe de cineastas filmar essa recordação. Uma ideia estranha e original, que chamou a atenção do cineasta no ocidente. Se encaixa nos temas de Koreeda, na medida que preeenchem o outro lado dos personagens ausentes nos demais filmes.
9. Boneca Inflável
2009. Um garçom de meia idade vive sozinho com uma boneca inflável, que trata como se fosse uma mulher de verdade, contando de seu dia, cuidando dela e, claro, tendo relações sexuais. Um dia, sem que ele perceba, a boneca ganha vida e sai para explorar o mundo. As alegorias à vida moderna são óbvias, mostrando um mundo onde as pessoas são vazias e o dia a dia mecanizado. Quando ela descobre que tem um coração, também conhece o amor e o senso de maternidade.
10. A Luz da Ilusão
1995. Aos 12 anos, uma menina testemunha o desaparecimento de sua avó, quando esta decide voltar à sua cidade natal para que possa morrer. Anos depois, a moça se casa com um amigo de infância, com quem tem um filho. Até o dia em que, sem explicação, ele se suicida. Com medo de perder tudo novamente e com um sentimento de culpa, cinco anos mais tarde, ela se casa novamente. Mas os pesadelos do passado nunca vão deixá-la em paz novamente. Um drama valorizado pela interpretação contida de Makiko Esumi. Primeiro longa de Koreeda.
11. O Terceiro Assassinato
2017. Um advogado de elite obrigado a defender o suspeito de assassinato de um industrial. O acusado já cumprira pena por outro assassinato há 30 anos e não tem problemas em se considerar culpado, mesmo com a provável pena de morte a qual seria condenado. Ao investigar familiares do suspeito e da vítima, o advogado passa a ter dúvidas sobre a autoria do crime. Um filme policial intrigante, com a digital do diretor impressa.
12. Tão Distante
2004. Membros de um culto religioso realizaram um ataque terrorista ao abastecimento de água de Tóquio, matando centenas e envenenando milhares, para, em seguida, cometem um suicídio em massa às margens de um lago. Desde o acontecimento, três anos antes, alguns familiares dos membros da seita se encontram anualmente no lago para prestar homenagem aos seus entes queridos. Em flashbacks, conhecemos um pouco do que teria levado aquelas pessoas a um ato tão absurdo e o impacto que isso teve nas famílias, também vítimas. Belo filme.
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Adoro esse diretor. Por favor, se tiver tempo, faz uma lista do lendário diretor Kar-Wai Wong. Todos os filmes dele tem um feeling muito legal.
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