terça-feira, 12 de julho de 2016

10 Filmes de Abbas Kiarostami


Nascido em Teerã em 1940 e falecido no último 4 de julho de 2016 em Paris, Kiarostami tem lugar garantido dentre os mais importantes cineastas da história.
Formado em Belas Artes pela Universidade de Teerã, iniciou sua carreira como designer gráfico, e aos 30 anos passou a dedicar-se ao cinema. 
Roteirista, produtor, cineasta, fotógrafo, artista plástico e poeta, Abbas nunca abandonou o Irã, apesar de todas as dificuldades provocadas pelos turbulentos regimes políticos e religiosos. 
Dono de um estilo peculiar, adaptado às dificuldades e aos parcos recursos de produção de que dispunha, dirigiu cerca de 25 longas entre ficção e documentário e outros tantos curtametragens. 
Foi o maior responsável pela divulgação e valorização do vibrante cinema iraniano, hoje reconhecido por qualquer cinéfilo.
Esta lista traz dez dos filmes dirigidos por este grande artista.

1.  Gosto de Cereja (1997. obra-prima do cinesta, vencedora da Palma de Ouro de Cannes em 1997. um filme que nos angustia conforme se desvenda. nos arredores de Teerã, um homem de seus 50 anos aborda alguns desempregados para oferecer-lhes um trabalho fácil e bem remunerado, que ele reluta em revelar qual seria. no meu ponto de vista, a montanha constantemente percorrida pelo carro do protagonista representaria seu cérebro. apesar da secura, o filme comove. obra de gênio)

2.  Através das Oliveiras (1994. após um grande terremoto, um diretor de cinema vai ao interior do Irã para pacientemente filmar com atores amadores, os habitantes locais. o rapaz de um casal escalado para uma cena, faz questão de errar as falas mais simples, para que possam ficar mais tempo juntos. eles se amam, mas são de classes sociais diferentes e as famílias não permitem seu casamento. uma metáfora da tradição ameaçada pelos novos tempos. um filme encantador, vencedor de vários prêmios, entre eles o da Mostra de São Paulo 1994, com a qual o cineasta tinha forte ligação)

3.  A Vida Continua (1992. outro filme que aborda os efeitos do violento terremoto de Guilan, um cineasta sai pelo campo em busca de pessoas que trabalharam com ele no passado. no caminho encontra um cenário de destruição, mas também de fé e de esperança. um lindo filme, também premiado na Mostra de São Paulo)

4.  O Vento nos Levará (1999. um jornalista da televisão, vai até uma aldeia no Curdistão iraniano por uma estrada sinuosa e sem asfalto, onde mora uma senhora centenária, que eles esperam falecer para fazer uma cobertura das celebrações de sua morte, porém guardam isso em segredo. estão aqui temas caros ao diretor: paisagens secas, as estradas sinuosas e as motivações escondidas que aos poucos vão se revelando. o filme tem uma fotografia linda, um timing perfeito e uma trama bem construída, cheia de simbolismos a partir de um homem misterioso e antipático que chega a uma vila remota, onde aos poucos se vê acolhido. genial. premiado em Veneza)

5.  Onde Fica a Casa do Meu Amigo? (1987. o filme que projetou a carreira de Kiarostami em nível internacional. narra a história de um menino de 8 anos do vilarejo de Koker que desobedece a mãe e foge de casa para procurar um companheiro de turma, numa aldeia vizinha, na ânsia de lhe devolver um caderno que pegou por engano, o que causou problemas para o amigo. simples e encantador, um retrato da inocência e do senso de responsabilidade)

6.  Cópia Fiel (2010. brilhante exercício de metalinguagem, confundindo o encontro de um escritor e uma marchand na Toscana com o livro sobre cópias e um casal com uma história de 15 anos que eles reproduzem ou copiam... Kiarostami, mesmo fora do Irã, é um cineasta precioso, que sabe mexer com a imaginação e dar fluidez à narrativa. abrilhantado pela excepcional Juliette Binoche)

7.  Um Alguém Apaixonado (2012. se era difícil imaginar Kiarostami no Japão, a surpresa é muito boa. em seu segundo filme fora do Irã, uma jovem universitária, que trabalha como prostituta, é chamada para atender um velho professor viúvo, por quem descobre uma forte ligação. as longas sequências com o carro em movimento não deixa dúvidas da sua marca registrada. o final abrupto é adequado. as personagens são profundas, mesmo que as vejamos de longe).

8.  Close-Up (1990. um jovem cinéfilo, apaixonado pelo trabalho do diretor iraniano Mohsen Makhmalbaf acaba preso ao se fazer passar pelo famoso diretor e vai a julgamento, acusado por uma família rica de falsidade ideológica, roubo e extorsão. o estilo documental de Kiarostami se sobressai, recriando fatos reais com os próprios envolvidos. curioso notar o respeito que a população iraniana parece ter por seus cineastas, um povo culto)

9.  Dez (2002. rodado como documentário, foi rodado inteiramente com câmeras instaladas no interior de um carro e sem roteiro fixo. são dez episódios que se passam em dias diferentes no carro de uma jovem mulher. divorciada e recém-casada com outro homem, ela tem um filho pré-adolescente, que não cansa de culpá-la pela separação. além do filho, ela dá carona a várias mulheres, uma prostituta, uma jovem apaixonada e uma senhora religiosa, criando um mosaico da feminialidade no Irã)

10.  Shirin (2008. uma experiência tão interessante, quanto tediosa. Kiarostami propõe a leitura de um filme sobre uma história de amor do século 12, através das expressões de 114 espectadoras. para ficar claro que não se trata de um documentário, a plateia é formada por atrizes, várias delas conhecidas. como Juliette Binoche e Golshifteh Farahani. a proposta é mesmo inovadora e provocativa, mas o resultado é naturalmente chato de ver)


Veja ainda: "10 Filmes Iranianos"





2 comentários:

  1. Que descanse em paz! Adoro o cinema iraniano e faz belos filmes!
    Poxa, eu assisti apenas dois da lista: Gosto de Cereja e Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
    Falando deste último, parece que teve uma continuação, não é?
    Abraços, Germano.

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    Respostas
    1. Oi Germano,
      Não exatamente... O "E a Vida Continua" é uma revisita ao vilarejo de Koker, após um grande terremoto em busca dos atores do filme. Junto com "Através das Oliveiras") os três filmes são chamados de Trilogia de Koker.
      Abs!!!

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