Anos 80... Com o fim da ditadura chegou a hora de tirar das gavetas, aos poucos, os roteiros de cunho um pouco mais politizado.
A indústria do cinema nacional estava ainda dependente da Embrafilme e os cineastas agraciados com verbas costumavam ser sempre os mesmos.
Mesmo assim, muitos filmes surgiram, entre eles, destaco dez:
1. Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981 – Hector Babenco. um garoto abandonado rouba para viver nas ruas. com apenas 11 anos, após passar por reformatórios e aprender a sobreviver, torna-se um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino. um importante retrato violento da infância perdida, com vários prêmios internacionais e uma atuação brilhante de Marília Pera)
2. Eles Não Usam Black-Tie (1981 - Leon Hirszman. uma greve começa numa empresa. um operário, com a namorada grávida, decide se casar. para não perder o emprego, ele fura a greve, que é liderada por seu pai, iniciando um conflito familiar que se estende às assembleias e piquetes. um bom drama familiar e um retrato do país na época. ganhador de vários prêmios)
3. Inocência (1983 – Walter Lima Júnior. baseado no clássico do Visconde de Taunay. no Brasil imperial, Édson Celulari é um médico itinerante, que em suas andanças conhece uma moça acometida de malária - Fernanda Torres - por quem se apaixona, sendo correspondido. entretanto, o pai da jovem já a prometeu para um rico fazendeiro da região. bela fotografia e uma história bem contada)
4. Sargento Getúlio (1983 – Hermano Penna. Lima Duarte está brilhante como um rude sargento que tem a missão de levar um prisioneiro, inimigo político de seu chefe, de Paulo Afonso a Aracaju. No meio do caminho, o panorama político muda e o sargento recebe a ordem para soltar o prisioneiro, mas ele decide terminar a missão que lhe foi confiada, mesmo que tenha de matar para completá-la)
5. Memórias do Cárcere (1984 – Nelson Pereira dos Santos. baseado na autobiografia de Graciliano Ramos. Carlos Vereza vive o escritor, que acusado pelo Estado Novo de colaborar com subversivos, é levado ao presídio de Ilha Grande, onde convive com prisioneiros políticos e com todo tipo de marginais)
6. Nunca Fomos Tão Felizes (1984 - Murilo Salles. rodado no último ano do regime militar. um rapaz é retirado de um colégio interno por seu pai, de quem está afastado há 8 anos e pouco sabe, e é acomodado num grande apartamento temporariamente. ele começa, então, a investigar o mistério que o cerca, em busca de sua identidade)
7. O Beijo da Mulher Aranha (1985 – Hector Babenco. primeira grande co-produção Brasil - Estados Unidos. dois prisioneiros - um preso político e outro homossexual acusado de atos imorais - estão na mesma cela onde se conhecem até acabar se respeitando. Oscar, Cannes, Bafta e vários outros prêmios para William Hurt em grande atuação)
8. A Cor do Seu Destino (1986 – Jorge Duran. garoto chileno vem morar no Brasil, depois que seu irmão é assassinado pela repressão de seu país. anos mais tarde, ainda marcado pelas lembranças do golpe, ele sofre uma crise ao saber que sua prima foi presa em Santiago. falava-se de golpe militar, mas era o dos outros)
9. Eu Sei Que Vou Te Amar (1986 – Arnaldo Jabor. uma sessão de psicanálise filmada. num apartamento, um jovem casal resolve viver em duas horas um jogo da verdade sobre tudo o que já lhes aconteceu. prêmio de melhor atriz em Cannes para Fernanda Torres)
10. Festa (1989 – Ugo Giorgetti. Um tocador de gaita, um jogador de sinuca e seu velho assistente são convidados para animar uma festa de sociedade, mas o tempo vai passando e eles nunca são chamados para se apresentarem. durante sua espera no hall de entrada presenciam todo tipo de absurdos conforme a festa prossegue e os convidados vão ficando mais desinibidos. uma visão ácida da sociedade, pelos olhos de um diretor com personalidade)
** Muitos bons filmes foram feitos neste período, cito mais alguns, mais uma lista de 10: Eu Te Amo, Feliz Ano Velho, A Hora da Estrela, O Homem que Virou Suco, Amor Estranho Amor, A Marvada Carne, A Menina do Lado, Beijo no Asfalto, Vera, Um Trem para as Estrelas, etc...
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